quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Severino e a gaivota

Severino estava louco. Pois bem, quem não ficaria estando preso em uma ilha sozinho, isolado do mundo? Só comia frutas tropicais, as quais ele aprendeu a gostar, não se exercitava muito, pois comia pouco e tinha que guardar as energias. Desde então, Severino só pensava em sair de lá e reencontrar com todos os outros que tanto o procurava.
Um dia qualquer, como sempre acontecei, as gaivotas vinham para procurar peixes dando sopa no oceano, e Severino gritou por uma delas:

-Gaivota! Gaivota! Venha cá, por favor!
E a gaivota, em um ataque de loucura (de um dos dois) foi voando ao encontro de Severino:
-Pois não?
-Dona Gaivota, a Senhora que deve estar tão cansada de procurar seus alimentos, de voar, de procurar a boa estação, diga-me pelo amor de Deus, como faço para sair daqui, como faço para ser livre?
-Severino, filho, acho que não tem jeito, você veio parar aqui, não tem jeito.
-Mas a Senhora sabe tanto sobre os 12 cantos dessa pequena ilha que ainda não tive oportunidade de conhecer...
-Mas não há saída. É uma ilha, cercada de oceano, como todas as outras.
-Então podes me fazer um favor?
-Depende.
-Podes dizer a moça mais bonita fora desta ilha, aquela que mais tocar o teu coração, aquela que os olhos hão de te fazer ofuscar quando o sol refletir neles, aquela que há de te fazer querer ser homem, e querer me ser para tê-la, que eu ainda a amo?
-Ainda pensa nesta moça, Severino?
-Todos os dias, desde que cheguei aqui. E se quero sair, depois de ter me posto aqui, uma vez sequer não foi por respeito aos outros que me esperam, foi só por ela, e foi só por ela que estou aqui.
-Essa confusão vai acabar lhe matando.
-Que me mate de incerteza, mas que não mate-me de saudade. Eu preciso vê-la de novo, dona gaivota, a traz para cá! Traga a minha menina linda para esta ilha, mas antes pergunta o que ela quer da vida.
-Acho que tenho a solução para isto
-E qual seria?
-Não tinha lhe dito nada, pois sabia que não querias que dissesse. Você chegou a este isolamento por que quis, não quis amar ninguém, e achava que nesta ilha seus problemas seriam resolvidos. Você só se iludiu. E se encontrou. Sabe agora quem amas, mas sei que estás confuso por não saber se ela vai te querer de volta. Pois então, volta voando Severino! Voa! Você pode.

E em um passe de mágica, ou de loucura, Severino conseguiu chegar a tempo de ver sua amada linda como nunca! Vestia um vestido longo, lindo... e branco!

1 Comment:

milla ila. said...

tenho uma reclamação a fazer. pronto, estar registrado.