quarta-feira, 1 de julho de 2009

Sufoco

Ele me abraçava. Eu rezava. Rezei como nunca havia rezado antes. Em um breve momento, lembrei-me de todas as orações que havia aprendido com minha mãe. Fechei os olhos com muita força, consegui imaginar os anjos voando em busca de seu superior para a entrega de meu pedido: Que fosse você me abraçando. Imaginava seu cheiro, suas mãos, seus fios de ouro sobre meus cabelos... Imaginei teu corpo inteiro menor que o meu, tua voz, tua risada, sempre com os olhos fechados. Senti duas lágrimas descerem. A primeira que desceu foi por ter te imaginado tu dizendo que me amas; a segunda, por ter aberto os olhos. Quando abri meus olhos, senti mil galhos espinhados me abraçando, senti o que é a tristeza que os homens dessa terra cantam. Não era m seus braços, não era seu cheiro, não era seu calor. Era alguém me matando de sufoco. Antes fosse matando, na verdade, pois quando tudo acabou, notei que havia sobrevivido.

5 Comments:

Camila said...

lindo, que molhou meus olhinhos.

Anônimo said...

"Quando abri meus olhos, senti mil galhos espinhados me abraçando, senti o que é a tristeza que os homens dessa terra cantam."

ficou tão lindo isso *-*

Maíra D said...

que bela melancolia =) muito bonito.

Bárbara Rodrigues said...

caralhooo, que lindo cirinho!

Anônimo said...

caramba, que lindo ._.