domingo, 31 de maio de 2009

apague as luzes

Meu desfoque é irracional,
aprendo com meu próprio vício
que no início é tudo carnal
Que o escuro é bem mais propício
E o inferno é assim tão banal
Que não sobra nenhum resquício
de uma noite de carnaval

Perdi-me com as luzes acesas
Refletem no peito que quer me refugiar,
Enfim repudio todas as belezas
Que por mal-querência absorvem meu ar
E de algumas meninas algumas destrezas
E habilidades de insistir em continuar

Eu ouvi um sorriso debaixo do lençol
Espero que não pense que é minha timidez
Não, não, não! meu problema é com o sol
Que defaz aquilo que ninguém antes fez
E adentra meu quarto em tempos, como um farol
Que me cega os olhos, que me tira um mês
Que me arranca a alma em soneto em sibemol
Cantado por uma orquestra de bichos, um vez

Eu ouvi na areia da praia tantos bichos a tocar,
fiquei surpreso com sua negligência
Não foi tamanha indecência
Se ninguém estava a olhar

Apaga essa luz que vem de fora, meu amor
Que hoje o dia virará semana

sábado, 30 de maio de 2009

sol

O sol me procura e eu durmo toda vida,
E se chateia, me perturba, incendeia a lã do cobertor
Me vira, e eu viro de volta
Se esquece que eu dele sou o rei,
Disso eu sempre sei,
disso eu sempre soube,
mas nunca me coube

Dizer que mando num astro,
prefiro dizer-lhe asno, e ai dele se não tratar-me com esmero,
Só espero que ele fira aquela menina
Meu cetro impera
Sobre a imensidão doadora de melanina
E também pudera
se eu não pudesse reinar
O sol me chateia até quando o dia acaba
E eu desvio do dia
esperando a noite chegar
Quando minha cabeça esvazia,
Quando os livros me servem de muro
Ponho meu óculos escuro
E vou para o sol imperar

Queria eu ter poderes por mais tempo,
não é toda hora que posso imperar
nos dias de chuva nada posso fazer,
quando chega a noite me entrego ao ar
O sol se esconde quando o céu quer escurecer
As estrelas se acendem com medo de não enxergar
As pessoas na terra que não sabem o porque
Que o sol tanto torra,
que o sol tanto esquece,
que o sol tanto se esconde,
que o sol tanto enlouquece,
que o sol tanto faz falta,
que o sol tanto empodrece
que o sol tanto cura
quanto não ouve tua prece

Eu fecho os ouvidos do sol,
pra ele não ouvir reclamação

sexta-feira, 22 de maio de 2009

tv proibida

Querida,
aquela que dos sons me traz a vida
O sons que emitem quando eu a chamo de
Querida,
Você quer mais que um tv assistida
Por um casal sem ideologia suicida
Você quer toda a vida,
estando semi-nua,
Estando a toda vontade de não me ver nunca mais,
por que nunca mais?
Eu só queria ver um certo canal de TV,
e você não quis me ver

Esse negócio todo ritmado, puxado pra um ar romântico
um carência de vida, uma carência de carinho e de algo a mais
Só falo de trazer, esse amor tá com um q de egoísmo
Me sinto um general do fascimo, não deixo ninguém mais te ver
Pedi ao destino que me fizesse onipotente, e esse me deu de presente você
Não me sinto tão bem,
mas sinto que posso esse algo mais.
Não só quero que me tragas, quero levar-te também.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

perdido

Eu preciso da calma da tua fala quando a rouquidão da minha deixa-me te ouvir;
Preciso do ar que exala teu corpo que será de alimento para uma planta à paisana, e
Preciso dessa planta para inalar o oxigênio que me foi concebido graças a você.
Preciso de controlar minhas pálpebras. Estas se fecham querendo te ver,
mas não conseguem, e são persistentes, coitadas... Se alternam em um frenetismo
Que só um beija-flor com suas batidas de asas pode compreender.

Eu quero a praia, mas que o sol me encontre mais tarde
E eu quero a tarde, mas que não seja tarde demais pra ficar noite
Porque só quero a noite pra dormir,
ou pra ficar com você

Eu ando perdido sem rumo e início
Eu sei que não vou, mas teimo e tento chegar lá,
A espera um dia vai se cansar, porque eu sou impertinente
Já pedi perdão ao tempo,
Já perdi perdões ao tempo
E hoje só ele que vem se desculpar
Tanta babaquice, parece um engravatado na TV,
arranja mil e uma explicações que não me convencem...
Eu só acredito em mim mesmo

Você não é o tempo,
você é o amor
Amor é paciente,
O tempo é incompetente
Não sabe se distribuir
Não que o amor saiba,
mas eu amo,
e ainda não reclamei...
Já o tempo,
desde que nasci reclamo

making me fell

É mero pleonasmo ou falta de sarcasmo,
Pudor, inocência e mal-querência que eu
drogado com tal composto orgânico em dia de terça-feira
Ou foi numa terça-feira
que eu aprendi o que é tal composto

O álcool se transforma em aldeído e vice-versa
Não sei se com a quantidade certa de açúcar que ingeri
Quando tomava aquela cachaça amarga, tudo aquilo virou aldeído
Eu desencadeei uma série de pensamentos em meu cérebro
Era trem, era fumaça do trem, era barulho do trem
Era café e era pão. Café e pão. Café e pão.

Parecia inconsciente,
Bêbado impotente!
Mas falei para os 25 amigos que estavam a não beber comigo:
Não sei como uma bela consegue ser mais que isso! Ser linda,
e querer ser minha.
Eu não devo, eu não mereço.
Ou ela não me merece... mas eu me acostumei a desvalir minhas emoções
Eu não queria ter ficado mal-acostumado, mas fiquei,
e é ruim de sair.
Ela me puxa dessa vida e no final da minha diz:

"Venha logo! Te aperto até tu sentir o calor
que espera debaixo do estampado cobertor
Encanta a mim, e canta aquela música do jobim
Me faz descer, me faz parar, me faz pedir parar
Me faz chorar depois que te desencontro
Desalmado! Safado e inerte!
Queria que você fosse inerte como uma pedra
quando estamos a rolar nos rios,
nas escadas, nos desvarios,
Na cama, nos assobios, no seu peito e nos meus macios
fios de cabelo"

Ela não fala isso tudo,
ela fala bem menos,
na verdade,
ela nem fala.
Ela me olha,
e eu vou.

Entre dos aguas (en español jamás)

Essa menina quer ver-me encharcado agora
noite e dia, noite e dia, meia-noite
ela chora, e liga, diz que vai acabar tudo que temos
diz que temos, que não temos, que teremos...
Ela diz tanta coisa enquanto soluça
que eu não sei se ela diz, ou se eu invento ouvir

Transfusa minha cabeça fica no estado pós-doença.
Eu já dizia que ela ligava chorando,
mas eu que devo estar chorando agora e não liguei pra ninguém
Posso ligar pra você, perdoe-me antecipadamente se ficar tarde,
mas você sabe que eu só ligo pra você para recados.
Não gosto de conversar,
mas gostei de você

"Oi, você aparece lá às 15 horas?
-Sim, você vai, né?"
Isso se torna tão descasco de bananas em pleno fim de madrugada
O preparo da vitamina no liquidificador,
Não é amor que está lá girando.
É pensamento... Tormento, lamúria, você, todo seu perfume que eu não me canso de sentir em outras pessoas, mas não sinto em você.

Eu não falo de sempre uma mesma pessoa, nunca me refiro a ninguém
A única pessoa que me refiro sou eu quando digo "me" e "eu".
Eu disse que a menina queria ver-me encharcado,
e está chovendo, tudo desmoronando.
Menos nosso barraco e nosso amor.

Que chuva que nada,
Ela quer me molhar de choro.

terça-feira, 19 de maio de 2009

acompanhar

Disfarço ansiedade
com anseios frívolos à madrugada
a moça sonha que está tarde
sonha que seu sonho arde
Por favor moça, sem alarde
Eu chego já pra te acordar

Se eu tenho duas moças
E uma sabe disso
e outra não sabe
E que o amor delas
já não cabe
no coração de quem nunca amou nenhum moça

E se essa que sabe
Nunca o visitou
E essa que só sonha
Sonha que amou em vão
Ah, que burra é então...
Que acha que amar
é jogar tempo fora
Que perca suas lembranças
Que perca o agora
Amar nunca é
Amar nunca foi
Amar nunca será
em vão

Não quero ver o que vai restar de mim
Quando todos descobrirem da minha vida
não quero ver... não quero ver
mas mesmo se quisesse
elas não iam deixar.


segunda-feira, 18 de maio de 2009

post nº 400

Parabéns não a mim, e sim a todos vocês.
Muito amor nos gestos, no sentimento e na palavra.
Sem amor na palavra, eu não estaria insistindo nessa idéia inútil de discernir sobre vidas inexistentes.

O post que seguirá reflete a situação que passo de tormenta. 15 comprimidos em 24horas, sinto-me enauseádo, mas a febre não passa, a tosse piora e eu tenho que estudar. É um diálogo entre algo e alguém. Perdoem-me.


"Eu não quero morrer. Meu olho que quer.
-Não. Seus olhos querem chorar.
-E eu não?
-Não. Você só vive. Seu olho que chora. Você sabe que quer morrer e seu olho sofre por prever que não verá ninguém com beleza como ele via nos campos
-Mas eu quero ver essa beleza ainda das garotas, principalmente!
-Você quer morrer. Suas mãos que procuram agarrar tais moçoilas.
-Ora, por favor... Então partindo dessa sua tese, como explica um câncer de intestino que mata um ser?
-Mesma coisa com os olhos. Você é formado por partes independentes que tomam suas próprias escolhas. O olho vê, chora e renega a luz. As mãos sentem, acaricíam, ferem... matam a si mesmas. E o intestino pode muito bem deixar de realizar suas funções por não quererem viver.
-E um olho renegar a luz é como querer morrer?
-O olho que renega a luz assemelha-se com o homem que se entrega as trevas.
-E meu cérebro?
-E com o que mais estou falando?

(...)


Com amor e melancolia,
Ciro.

domingo, 10 de maio de 2009

eu falei

Antes que fique tarde
e você comece a desconfiar
vou te falar a verdade
sob minha falta de ar
.
Queria dar um passeio
Dentro do seu coração
Pra eu não ficar tão alheio
suspenso nessa aflição
.
Ou somente ser você
Tiraria de mim essa dúvida
Que me faz ficar a mercê
Buscando em tu uma saída
.
Na verdade, te amo
Não importa o tempo,
não importa o futuro,
Não importa se o céu tá escuro
Se amanhã vai chover
Se um dia vou te perder
Se você tá aí pra mim
Se vou te perder no fim
Quando você desistir
E fizer que nem as outras
Sei que vai ser assim
Exatamente igual,
pois sou fraco,
Besta, nunca vi alguém
com índole de bom amor,
Índole de imbecil,
besta e sem valor
Elas usaram da sorte
de eu gostar muito de cada uma
Mas agora sem nenhuma
na cabeça
só penso em você
Pode até ser mentira,
o passado ta aí pra dizer.

ontem

Não é do meu costume
Mas me lembrei da promessa
Que você fez ontem a mim
.
Não me pareceu ciúme
Mas no meio da conversa
Você quis chegar no fim
.
E agora quero que arrume
Claro que seja sem pressa
Palavras tão rudes assim
.
Sou peixe sem cardume
Prefiro sair logo dessa
Pra depois não achar ruim

Essa faz tempo

Quantas palavras me faltam pra eu definir você?São palavras tão arteiras, ciganas, faceiras... Não as vejo no dicionário. Eu vou esperar julho, como uma criança que espera nascer. Vou esperar você, mas não na janela. Vou acender uma vela de mil anos.E só apago, quando te ver.

perdão

Não queria chegar assim em um domingo qualquer
Sentindo a mão de uma mulher na minha divagação
E a minha num peito qualquer, fora de ilusão
A mão do café, a mão do balão... prefiro a da minha mulher
.
Preferia longe de mim, do que simples mão de avião
Dessas que sonho em pé, quando entro no meu vagão
Há tantas outras de pé, e outras com livros na mão
Meu mundo é vazio, meu mundo está por um fio... de solidão
.
Agora imagino uma orquestra toda em equilíbrio
Tocando impertinentemente a trilha de meu sonho
Era você do meu lado, o tempo, o tempo todo
Mas sei que prefiro acordar e ver sua mão devagar apertar minha mão
.
Perdura o período, ilíado quase castigo de filho
Seus olhos não olham mais pra mim com amor
Me perdoa por ter te perdido, amor
Ainda estou com você, pelo menos.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

de volta

Você que tanto acredita em um grande bem,

Um nem, se vem é só pra virar

Mas ah, tão bom, que o bem vem a calhar

E assim calado, calo os beijos de alguém

Mas não é pra mim,

Não mereço

E assim você se deita à madrugada

Não vê se está em belém, recife, manaus, no além

E um coro de orixás lhe acorda de manhã

cantando "meu senhor, filho iemanjá

Desista do tal de amor, esse não bate em seu lar

Nunca bateu

Nunca baterá"

PROTESTO

14:39 - Antes que seja protesto aos protistas, venho reclamar de uma mania da nossa sociedade que podia ser eliminada. O uso de ervilhas. Para que tanta ervilha? As pessoas que as defendem dizem que comem porque não sentem gosto nenhum. E se não sentem gosto, porque comer? É uma semente ruim, rancorosa, pior que cajú, e que não nutre nem sustenta pilares de uma economia como o milho, por exemplo. É deveras inútil, é feia, amassa, não tem aspecto suculento. PARA QUE ERVILHAS? TIREM ERVILHAS DOS CREMES DE GALINHA, POR FAVOR!
(cuentro também).

domingo, 3 de maio de 2009

monofasia

Você que é tão experiente
Espera ser paciente
E entende que continuar valente
Ou vai lhe deixar doente
Ou vai logo lhe curar
Me ensina a amar
Sem perder tempo
Me diz um passatempo
Para meu tempo passar
-Você que parece tão jovem
Me diz o porque que só vem
Para se analisar?
Burro sei que não és,
Como não sabia que amar
É um ótimo passatempo?
Você é bobo no início
Você é bobo no fim
De noite, parece arlequim
Na queda de um precipício
"O coração tu entregas
Mas disfarce que é tão piégas"

Weird

Não confio mais em mim
dois corpos, um pensamento
ela quer que chegue no fim
no fim só resta o lamento
que esperança o que?
Se amar é tão fácil assim
Prefiro ver televisão

feio

Deveras sinto que pode estar mal cuidado
Um simples ninguém pouco assim amado
Discorda tão fácil do que lhe é alheio
É mal cuidado, pouco amado, chato e feio
Confiança falta para si mesmo,
e entrega a esmo a falta de amor dos outros
O bonito, o feio, o híbrido são tão iguais
são tão sem amor
que é melhor ser feio
e amar calado
Desconfiado. Um morto-vivo calado
Ele não sabe pra que tanta mulher
Desconfia de si mesmo, e não sabe se realmente não sabe
Ou se finje não saber quem é
Quem o é?
Dai-lhe calma alguém do céu, sendo assim
calma em terra, que ele não quer viver
não quer viver desse jeito, mas quer viver até o fim
Se cada mulher muda sua vida,
que ele ache a mulher de outrora

sábado, 2 de maio de 2009

você sabe (dezembro)

É tão bom, solidão
poder andar tão devagar,
divagar com a emoção
e nunca parar
dançar com suas mãos atadas
ser seu parceiro,
deixar a porta aberta do banheiro
poder falar mal de quem quer
e se mandar calar a boca
tão bom solidão,
mas prefiro sofrer,
que te ter na mão
Eu vou procurar de volta a menina pele alva
a menina da malquerência
e a nova do meu viver
é tão bom solidão,
não ter ninguém
mas se for pra não sofrer
que não seja assim em vão

condi

É tão desconfortante
estar tão confortável
livre... e preso a ela
É domingo como qualquer outro,
mas é mais domigo,
é mais dia
É domingo... mas é domingo dela!
É dia, semana, santa semana
santo dia,
é a hora que não quer passar
só pra me ver reclamar
é espera
mas é pra esperar ela
Alusão a um sentimento
ela diz que não quer ter tormento
diz que em um mês tudo acaba
finda em um túnel sem luz no fim
e agora a menina sem sentimento
quase sem nunca falar
se mostra a verdadeira mente
de um coração
é triste
mas é por ela

good time to roll on (really lured)

13 de novembro de 1995

22:55 - Acabou. Enfim, acabou, acabou e acabou como tantas outras vezes. Não me recordo de como fui dormir ontem, e também não faço questão de recordar. Ouço a música que ouvia há um ano, e ouço com a mesma freneticidade e periodicidade das batidas e tremidas na perna. Vejo três olhos totalmente diferentes, e é incrível como o tempo se torna sem ordem cronológia para mim. Os 3 olhos na música, a espera na fila da carteira, a última partida de bilhar, as novas gírias, as infinitas idas à praia, o ciúme, o silêncio, o ciúme, raiva, só raiva, tatuagens, mil palavras vem a minha mente. Lembro-me que ao olhar pra um destes, via-me estável, mas sempre fui o bobo do amor... Não sou mais! (?) Partindo da premissa de que eu sigo a TAD, eu não ficarei mais triste como antes. Sinto me leve como brise, mas adstringente como a última NaOH do deserto. O swing chega. Dança, leves plumas bailam na festa a fantasia. Os pés dela em cima dos dele, a briga no café da manhã, e 4 meses se seguiram assim, até uma outra qualqu(mulh)er subir em seu colo e os dois fantasiarem e encenarem a novela do casal perfeito. Nem era. Mas podia ser. Ela não quis. Chega de tantos períodos. A culpa foi toda dela, e coincidentemente toca aquela "centro do universo" da banda soteropolitana mais underground dos arredores de uma cidade que não é cidade, sim bairro. Eu já to enrolando muito sobre mil coisas que não dão em nada. O que eu quero ressaltar é minha liberdade. Eu gosto de ser livre preso a ela... E por causa disso, falarei mais acima, ou abaixo, tanto faz.