sábado, 30 de maio de 2009

sol

O sol me procura e eu durmo toda vida,
E se chateia, me perturba, incendeia a lã do cobertor
Me vira, e eu viro de volta
Se esquece que eu dele sou o rei,
Disso eu sempre sei,
disso eu sempre soube,
mas nunca me coube

Dizer que mando num astro,
prefiro dizer-lhe asno, e ai dele se não tratar-me com esmero,
Só espero que ele fira aquela menina
Meu cetro impera
Sobre a imensidão doadora de melanina
E também pudera
se eu não pudesse reinar
O sol me chateia até quando o dia acaba
E eu desvio do dia
esperando a noite chegar
Quando minha cabeça esvazia,
Quando os livros me servem de muro
Ponho meu óculos escuro
E vou para o sol imperar

Queria eu ter poderes por mais tempo,
não é toda hora que posso imperar
nos dias de chuva nada posso fazer,
quando chega a noite me entrego ao ar
O sol se esconde quando o céu quer escurecer
As estrelas se acendem com medo de não enxergar
As pessoas na terra que não sabem o porque
Que o sol tanto torra,
que o sol tanto esquece,
que o sol tanto se esconde,
que o sol tanto enlouquece,
que o sol tanto faz falta,
que o sol tanto empodrece
que o sol tanto cura
quanto não ouve tua prece

Eu fecho os ouvidos do sol,
pra ele não ouvir reclamação

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